domingo, 28 de novembro de 2010

Amor


Um dia alguém disse que o amor era cego, que cometíamos loucuras sem se apercebermos .
Bem, eu afirmei para comigo mesma que nunca o faria.
Mas depois conheci-te.
Apareceste na minha vida tão repentinamente , fizeste-me sentir coisas que nunca senti.
Fizeste-me sentir única, Tua , desejada.
Eras perfeito, pelos menos era o que pensava, achava que o eras, agora tenho as minhas dúvidas.
E acredita que para eu achar alguém perfeito é porque algo não está certo.
Sim, estava completamente apaixonada por ti,  completamente perdida na tua perfeição, daria tudo por ti, e acreditava com todas as minhas forças que farias o mesmo por mim.
Não queria mais ninguém a não ser tu, e deixei-me cair loucamente na patetice de me apaixonar por ti.
Sim, agora concordo. O amor é cego.
Naquela noite de Verão levaste-me até á praia ,íamos de mãos dadas e o teu sorriso era, como sempre, fascinante. Perguntava-me como é que era possível seres meu. Como é que um ser tão perfeito era meu, só meu!
Abraçaste-me com uma força imensa e eu retribui, imaginei nunca mais te largar e ficar ali para todo o sempre, contigo, sem problemas!
Beijaste-me loucamente e como sempre foi mágico ,como sempre senti aquele arrepio  pelo corpo todo, senti que te desejava cada vez mais, conseguias fazer com que eu sentisse coisas nunca antes sentidas!
Fintaste-me com os teus olhos verdes , e disseste as palavras mágicas!
-Amo-te!
O meu corpo estremeceu ,senti uma alegria imensa a percorrer-me !
-Amo-te! - retribui ofegante   de tanto entusiasmo.
-Vamos fugir, vamos cometer a maior loucura das nossas vidas, vamos ser só tu e eu, eu e tu, nós os dois! - o sorriso dele era  encantador, os olhos dele brilhavam de felicidade.
-Mas…eu…- era a proposta mais irresistível  que ele me podia fazer, e sem pensar duas vezes, ignorei o pensamento de parecermos dois jovens apaixonados que não sabem o que querem e respondi alto e bom som :
-Sim!! Vamos, só nós os dois, juntos!
- Encontramo-nos amanhã na ponte no meio da cidade ao final da tarde, eu levo o meu carro!
- Sim, está bem!
Beijou-me suavemente , abraçou-me e perdi-o de vista na neblina da noite.
O meu coração batia a mil á hora, ia cometer uma loucura com a pessoa que mais amava, era hilariante! Ri-me ás gargalhadas naquela noite quente, estava feita doidinha a rir-me sozinha no meio da rua.
O dia seguinte foi longo, bastante longo! As horas pareciam séculos, só queria aquele final de tarde , só queria estar com ele para todo o sempre!
Finalmente a tão desejada hora chegou, corri , corri o mais possível para o lugar combinado, mas não estavas lá.
Bom, ainda era cedo mas achava que o teu entusiasmo era tão imenso como o meu.
Estava tão nervosa como uma criancinha no dia de Natal antes de receber as prendas, andava de um lado para o outro energicamente.
Senti o estômago apertar, o meu coração quase que saltava, o relógio da Torre da Igreja batia as horas certas, a hora que tínhamos combinado!
Uma das coisas que mais gostava em ti era nunca te atrasares, para nada, mesmo.
Porque me estás a fazer isto? Questionava-me.
Será que era alguma surpresa?
Passou precisamente meia-hora, já me tinha encostado a uma velha arvore, e nem sinal de ti, nem uma simples chamada, o teu telemóvel dava sinal de desligado.
Não conseguia entender, não queria acreditar que não vinhas!
Uma hora passada, e nada!
Não sou feita de ferro! Comecei a chorar desalmadamente, não queria acreditar, queria acordar deste pesadelo!
Mas o pesadelo não tinha fim!
Comecei a correr descontroladamente rua abaixo, havia  muita confusão por ali, só queria desaparecer para bem longe!
Os carros passavam a uma velocidade furiosa !
Passei a estrada a correr, as lágrimas caiam apressadamente pelo meu rosto.
E depois tudo aconteceu bastante depressa.
Mal  virei a cara um carro cinzento vinha em direcção a mim a uma velocidade desenfreada , numa fracção de segundos as poucas forças que ainda tinha na alma abandonaram-me!
Senti uma forte pancada, pensei que a minha vida estava a acabar naquele preciso momento, sentia-me como se tivesse o mundo tivesse desabado em cima de mim, as minhas pálpebras começaram a ficar muito pesadas, estava caída no chão, ainda pude ouvir uma mulher a gritar bem alto:
-Não! Oh não! O que é que eu fiz?! Acudam! Ajuda ,por favor!
Senti umas mãos frias a pegar-me na cabeça, encostei o rosto ao braço daquele desconhecido e adormeci.
-----
E agora, neste preciso momento em que vos relato isto tudo não sei onde me encontro. Onde estou  eu? No céu? E porque não consigo abrir os olhos? Ao estarei no inferno?
Que se passa?
A minha audição começa a melhorar, e agora começo a ouvir umas vozes estranhas.
- Depressa, passe-me a pinça! Como estão os batimentos cardíacos? Despachem-se!
-Está aqui doutor, tome! Eu vou fazer pressão!
-Ela está a perder muito sangue!
Pronto, não estou nem no Céu , nem no Inferno, mas o que se passa, quero abrir os olhos, quero falar!
E há uma dor possessa que não me larga! Quero gritar de dor, dizer-lhes para pararem!
Já não basta estar completamente desfeita no coração e ainda estão a torturar completamente as minhas entranhas! Porque não param?!
A função deles  é salvar-me?  Mas eu não quero isso! Deixem-me morrer sem me cortar toda por dentro!
A dor aumenta a cada segundo, só me apetece gritar de frustação, ódio, tristeza, dor!
Parem, peço-vos!
- Meu amor, oh não!
Oh não! Ele está aqui! Aquele que considerava o meu grande amor está na mesmo sitio que eu! Queria puder  bater-lhe , gritar, questioná-lo porque não foi ter comigo!
Agarrou-me a mão, tenho a certeza que é ele! Pequenas gotas caíram-me na palma da mão, ele estava  chorar!
-Meu amor, perdoa-me, volta para mim, tu és forte! Perdoa-me,por favor!
O que te fiz hoje , perdoa! Tive medo ,receio do que estava a fazer e não fui! Mas agora percebi que te amava e é contigo que quero  estar, não me deixes, se me deixas eu irei ter contigo!Acorda meu amor, preciso de ti!
Então era isso?! Receio? Do que?
A dor que me percorria o corpo acalmou, o aperto no peito desapareceu, e abri os olhos.
Deparei comigo semi-nua.
Estava rodeada de homens com farda de médico, todos me olhavam concentradamente.
O meu amor encontrava-se ajoelhado , a chorar agarrado á minha mão.
Tinha uma grande cicatriz perto do peito, ele levantou o olhar e beijou-me  a mão!
-Acordaste, obrigada meu bem, não me deixaste! Amo-te!
Beijou-me intensamente e deixei-me cair na tentação de o amar, outra vez.


Sem comentários:

Enviar um comentário