segunda-feira, 29 de novembro de 2010

FIM

Naquele momento não estava em mim, as lágrimas soltavam-se a uma velocidade descontrolada, só ouvia aquela simples frase na minha cabeça : “terminou, não há mais nada entre nós”.
  Disseste-o de uma forma tão simples, como se fosse uma mera frase que se diz todos os dias, olhei-te nos olhos, mas não respondeste ao meu olhar, descobri em ti algo que nunca tinha visto, uma pessoa fria, cruel.  Como se o que construímos durante tanto tempo fosse um castelo de areia que se desfaz numa onda de água salgada. Uma brincadeira de criança.
Não conseguia dizer nada, as palavras não saiam, não tinha resposta, estava sem reacção, e tu continuavas de cabeça para baixo, enquanto eu chorava descontroladamente. 
-Mas porque? – foi o único murmúrio que consegui dizer.
-Já não sinto o mesmo por ti.
Foi como uma facada nas costas. Eu amava-o loucamente, desejava-o, faria tudo e mais alguma coisa por ele, mas se o não o tinha a meu lado não queria viver.  Beijou-me, muito ao de leve, e tive a certeza que seria o último beijo.  Foste embora.  Uma vez disseram-me “a nossa marca não se apaga das vidas em que tocamos”, sendo assim ele não se esquecia de mim, e recordaria-me como uma felicidade e não tristeza, como um sorriso, e não uma lágrima.  Ninguém disse que a vida era fácil ,apenas se disse que ela vale a pena.  Já era escuro, as luzes bateram me fortemente na cara, aquele som que eu adorava em pequena ecoou nos meus ouvidos, estava cada vez mais próximo.
O comboio que adorava em pequena era agora o motivo da minha morte.
  Lembrei me de todos os nossos momentos, sorrisos, gargalhadas, olhares, beijos, lembrei do teu rosto pela ultima vez , do sabor da tua boca.
Costumavas dizer-me : “não chores pelo que já terminou, ri porque aconteceu”. 
E sim, eu ri-me, naquela que seria a minha ultima noite

3 comentários: